segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ao vivo a vida é bem melhor


Via:
Luciano Siqueira

Publicado no Jornal da Besta Fubana

Tudo bem que a revolução tecnológica facilita a vida da gente, sobretudo ao encurtar o tempo das tarefas cotidianas. Tipo comunicar algo a um amigo: o torpedo via celular resolve na hora; ou uma curta mensagem no Twitter.

Mas exagerar não vale. Intoxica a vida, robotiza o contato entre as pessoas, mecaniza os sentimentos.

Nos EUA, onde de há muito escuto falar que as relações humanas padecem de argentária frieza, há duas novidades absolutamente dispensáveis, a meu ver.

Uma é um espelho “inteligente”. Na verdade, uma grande tela de computador. Enquanto você faz a barba, basta tocar em ícones estrategicamente situados para falar ao telefone, verificar seu saldo bancário, saber a previsão do tempo, os filmes em cartaz e coisas assim. Não vejo nenhuma vantagem, pois pode estimular a ansiedade do freguês. E fazê-lo perder esse momento precioso de todas as manhãs, que permite um olho no olho consigo mesmo. Conferir na própria face o estado de espírito no início do novo dia, perceber no olhar emoções nem sempre perceptíveis pelos menos sensíveis.

Com o tal espelho, a barba certamente é mal feita: com uma mão, move-se a lâmina; com a outra, tecla-se na superfície lisa em busca de uma interatividade antecipada com problemas a resolver no curso do dia.

A outra novidade é terrível: a cada dia mais psiquiatras, analistas e psicólogos clínicos optam pelo Skype como meio de relacionamento com os seus pacientes. E, claro, na mesma proporção cresce o contingente de pacientes que se submete a isso. Na mesma linha do que já acontece há tempo em muitos consultórios médicos, em que a bateria de exames laboratoriais tem mais força do que a anamnese e o exame físico cuidadosos.

E o calor humano? Como fica a percepção do olhar, do gesto, da entonação da voz, do modo de vestir, enfim sinais reveladores da personalidade e do estado emocional do paciente? Na prática, analista e cliente recolhem-se a mútuo isolamento ilusoriamente atenuado pela máquina que transmite voz e imagem.

Nessa marcha, podemos chegar ao exagero de tudo fazer e sentir mediante o simples pressionar uma tecla. Rosas à mulher amada, basta a imagem virtual. Para o abraço afetuoso, use aqueles bonequinhos do MSN e assemelhados. Compartilhar segredos ou inquietações, o e-mail e o bate papo pelo Facebook dão conta.

Comigo não, Rosa. Uso intensamente a internet para me informar e me comunicar com as pessoas. E-mail, Facebook, Twitter e mesmo o MSN fazem parte do meu cotidiano como ferramentas que me colocam em tempo real em contato com muita gente. Mas paro por aí. Nada substitui a conversa cumplice e solidária, o encontro, o abraço. Ao vivo e a cores.

Luciano Siqueira www.lucianosiqueira.com.br

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Wikileaks tira máscara da mídia brasileira e comprova: estão à serviço dos EUA

Aconteceu o que já era de conhecimento dos menos desavisados. A grande imprensa  brasileira foi finalmente desnudada, com tudo comprovado em documentos oficiais e sigilosos. Quem ainda tinha motivos para outorgar credibilidade à estes veículos e seus jornalistas, não tem mais.
William Waack, da Globo, aparece nos documentos secretos
Novos documentos vazados pela organização WikiLeaks trazem à tona detalhes e provas da estreita relação do USA com o monopólio dos meios de comunicação no Brasil semicolonial. Um despacho diplomático de 2005, por exemplo, assinado pelo então cônsul de São Paulo, Patrick Dennis Duddy, narra o encontro em Porto Alegre do então embaixador John Danilovich com representantes do grupo RBS, descrito como "o maior grupo regional de comunicação da América Latina", ligado às organizações Globo. 

O encontro é descrito como "um almoço 'off the record' [cujo teor da conversa não pode ser divulgado], e uma nota complementar do despacho diz: "Nós temos tradicionalmente tido acesso e relações excelentes com o grupo".
Outro despacho diplomático datado de 2005 descreve um encontro entre Danilovich e Abraham Goldstein, líder judeu de São Paulo, no qual a conversa girou em torno de uma campanha de imprensa pró-sionista no monopólio da imprensa no Brasil que antecedesse a Cúpula América do Sul-Países Árabes daquele ano, no que o jornalão O Estado de S.Paulo se prontificou a ajudar, prometendo uma cobertura "positiva" para Israel.


Os documentos revelados pelo WikiLeaks mostram ainda que nomes proeminentes do monopólio da imprensa são sistematicamente convocados por diplomatas ianques para lhes passar informações sobre a política partidária e o cenário econômico da semicolônia ou para ouvir recomendações.
Um deles é o jornalista William Waack, apresentador de telejornais e de programas de entrevistas das Organizações Globo. Os despachos diplomáticos enviados a Washington pelas representações consulares ianques no Brasil citam três encontros de Waack com emissários da administração do USA. O primeiro deles foi em abril de 2008 (junto com outros jornalistas) com o almirante Philip Cullom, que estava no Brasil para acompanhar exercícios conjuntos entre as marinhas do USA, do Brasil e da Argentina. 
O segundo encontro aconteceu em 2009, quando Waack foi chamado para dar informações sobre as conformações das facções partidárias visando o processo eleitoral de 2010. O terceiro foi em 2010, com o atual embaixador ianque, Thomas Shannon, quando o jornalista novamente abasteceu os ianques com informações detalhadas sobre os então candidatos a gerente da semicolônia Brasil.
 
Outro nome proeminente muito requisitado pelos ianques é do jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, d'A Folha de S.Paulo. Os documentos revelados pelo WikiLeaks dão conta de quatro participações do jornalista (ou "ex-jornalista e consultor político", como é descrito) em reuniões de brasileiros com representantes da administração ianque: um membro do Departamento de Estado, um senador, o cônsul-geral no Brasil e um secretário para assuntos do hemisfério ocidental. Na pauta, o repasse de informações sobre os partidos eleitoreiros no Brasil e sobre a exploração de petróleo na camada pré-sal.
Cai também a máscara de Fernando Rodrigues, da Folha
Fernando Rodrigues, repórter especial de política da Folha de S.Paulo, chegou a dar explicações aos ianques sobre o funcionamento do Tribunal de Contas da União.
Outro assunto que veio à tona com documentos revelados pelo WikiLeaks são os interesses do imperialismo ianque no estado brasileiro do Piauí.
Um documento datado de 2 de fevereiro de 2010 mostra que representantes do USA participaram de uma conferência organizada pelo governador do Piauí, Wellington Dias (PT), na capital Teresina, a fim de requisitar a implementação de obras de infra-estrutura que poderiam favorecer a exploração pelos monopólios ianques das imensas riquezas em matérias-primas do segundo estado mais pobre do Nordeste.
A representante do WikiLeaks no Brasil, a jornalista Natália Viana, adiantou que a organização divulgará em breve milhares de documentos inéditos da diplomacia ianque sobre o Brasil produzidos durante o gerenciamento Lula, incluindo alguns que desnudam a estreita relação do USA com o treinamento do aparato repressivo do velho Estado brasileiro. A ver.
 
Agradecimento especial ao companheiro Hugo R C Souza em (anovademocracia) pela matéria.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Up! O crescimento econômico dePernambuco

O estado de Pernambuco se destaca no cenário nacional como o maior centro de investimento do Brasil. O crescimento atinge os setores da indústria, serviços, comércio, construção civil, tecnologia, educação. De acordo com o Instituto Brasileiro e Geografia e Estatística (IBGE), Pernambuco é a décima maior economia brasileira, com um PIB apresentando crescimento três vezes maior que o do território nacional.

O complexo de Suape representa um dos maiores investimentos em infraestrutura. Entre os anos de 2007 e 2010, estima-se que o complexo cresça três vezes mais que nos últimos 28 anos. Algo em torno de R$ 1,4 bilhões. O diretor-presidente de gestão fundiária e patrimonial de Suape, Inaldo Campelo, afirma que este ano os investimentos devem ultrapassar R$ 500 milhões. “São construções de novos cais, rodovias – mais de 80 quilômetros já asfaltados - , duas ferrovias, e atração de novos investidores”, conta.

Inaldo destacou que são 18 o número de investidores privados com plantas industriais já em andamento em Suape. Ele lembrou ainda que Pernambuco não resume-se apenas no complexo portuário. “O governo do estado trabalha na descentralização da economia. Exemplos como a implantação da fábrica da Sadia, em Vitória de Santo Antão, da Perdigão, em Bom Conselho, e do polo farmacoquímico, no município de Goiana, entre outros”, comentou.

Segundo o diretor-presidente, o polo farmacoquímico de Goiana será uma nova Suape com a implantação de empresas como a Novartis, Hemobras e Lafepe. “Todo esse investimento gera emprego, riqueza e desenvolvimento social. Ninguém precisa sair do Nordeste para ir procurar emprego no Sul ou Sudeste”, disse.
Mesmo com todos esses investimentos Pernambuco ainda não dispõe de um progama de qualificação de mão de obra, e as empresas, ainda, exportam profissionais de diversas áreas de outros estados do sul e sudeste do pais.

domingo, 7 de agosto de 2011

O coletivo do individual



Até prefiro usar os transportes coletivo como ônibus e metros, acabo economiazando dinheiro, pois o custo com as tarifas (mesmo estando as de Recife entre as mais caras do Brasil) é inferior ao custo com combustivel, principalmente com esse transito de Recife.
O problema é que há uma "galerinha" que anda confundindo um ditado popular que diz: "o seu direito começa onde o meu termina", e erroneamente usa o celular - aparelho cuja principal função seria conectar as pessoas em logas distâncias - para transformar os coletivos em micaretas, baladas e "trens" desse tipo.


Para agravar ainda mais, as músicas mais ouvidas são verdadeiras obras de arte, da arte da degradação da mulher, da familia e da sociedade. Em geral são aplicadas nessas "letras" absurdas termos que nos tornam reféns de uma realidade a falta de respeito, a problemática da falta de educação e banalização do ser social.

Meus Lun@s dizem que sou politicamente correto ao ponto de ser chato (kkkk é a expressão que segue a afirmação del@s), mas seria muito pedir que se respeitasse um espaço como os dos ônibus e metros e tantos outros? Respeito seria a palavra em questão, acredito. Mas não há outra coisa a se esperar quando todas as mídias nos colocam na condição do individualismo social, onde se aprende a conjugar todos e qualquer verbo apenas na primeira pessoa do singular.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Ateus e agnósticos, esses seres esquisitos

Depois de um breve período matriculada em uma escola laica, minha filha, aos 6 anos, sentou-se à mesa e começou a cantarolar: “Meu lanchinho todo dia vou tomar para o Papai do Céu triste não ficar…”. A música deveria estar vindo da escola, perguntei se era o que cantavam para lanchar. Ela afirmou que sim, estava contente porque havia conseguido decorar; as outras crianças matriculadas desde a pré-escola já sabiam a letra toda.
Perguntei quem ela achava que era o Papai do Céu.
– Ah mãe, é um senhor grandão que fica lá no Céu espiando se a gente faz tudo direitinho aqui embaixo na Terra.
Tremi nas bases, era tudo o que eu não ensinara e não recomendo que se ensine às crianças. Ser temente a um Ser Supremo Imaginário é um caminho para a abertura do núcleo psicótico de qualquer humano em fase de desenvolvimento infantil.
Religiosidade é coisa complexa demais para o cérebro infantil, as crianças deveriam ser poupadas desse tipo de doutrina até que tivessem o córtex totalmente desenvolvido e capacidade de discernimento para estudar e escolher — ou não — uma religião.
O irmão de 17 anos explicou que ela podia ter certeza de que não havia um Grande Homem no Céu espionando quem quer que fosse, retirou a pequena de perto dos meus olhos perplexos e pôs-se a estudar ludicamente com ela um livro infantil a la Carl Sagan, que ele havia recebido de presente de um amigo geólogo por volta dos mesmos 8 anos. Liguei para a escola e marquei reunião com professora e coordenadora.
A coordenadora, em voz monótona, afirmou que a escola era laica e que nenhum professor estava recebendo qualquer orientação sobre ensinar religião. A professora, mais íntima porque já nos conhecíamos, contou ingenuamente que todos os dias agradeciam o lanche a Deus, cantavam a música, mas que de maneira alguma vinculava Deus a qualquer punição quando as crianças não faziam as coisas direitinho.
– Não é religião, ensino a eles sobre Deus, um Deus de todos, sem uma religião, até porque na sala tem crianças de várias religiões, às vezes uso o termo Papai do Céu, mas normalmente uso Deus mesmo.
Perguntei a ela como achava que seria essa condução para crianças vindas de famílias que não crêem em Deus, os ateus. Ela olhou-me estupefata, impressionadíssima.
– Ah, mas não me diga que a senhora sendo uma pessoa engajada nas questões ambientais, no respeito às crianças, alguém que faz campanha contra bater em crianças, é contra Deus, como pode não acreditar em Deus?
Respirei fundo e marcamos outra reunião para conversar sobre a separação entre pedagogia e crenças pessoais.
No Dia das Mães, a mesma escola laica marcou um evento na igreja católica. Tudo pelo social, lá fomos nós e numa demonstração de apreço por todas as religiões houve um desfile com entrada triunfante de representantes das várias igrejas da comunidade. Achei interessante, a menina estava aprendendo que existem várias religiões das mamães e dos papais, mas continuava sem entender direito porque seu papai e sua mamãe não pertenciam a qualquer daquelas instituições. E dê-lhe aula de ciência-para-crianças em casa, um dia ela poderia juntar lé com cré.
Mudamos para Porto Alegre no início desse ano, ela agora está com quase 9 anos. Tomei o cuidado de escolher uma escola laica. Foi dificílimo encontrar na cidade um colégio que não tivesse nome de santo ou de santa. Ainda que as escolas com nomes de santo afirmem que são laicas, escolhi uma com nome laico. Obviamente não foi o único fator considerado e nem mais o importante.
Pois justamente na semana passada, às vésperas da campanha da ATEA anunciada aqui no Sul21, vindo da escola com a menina, volta o assunto latente:
– Mãe, na minha sala as meninas estão fazendo catequese, elas me convidaram, é tipo uma aula para depois desfilarem de vestidos brancos na igreja. Posso fazer?
– Filha, elas são católicas, nós não somos católicos, só os católicos fazem aulas de catequese e depois tem um dia que é dessa cerimônia, a primeira comunhão.
– Isso mesmo mãe, primeira comunhão. E se eu quiser ser católica, posso ser?
– Pode, mas é muito cedo para essa decisão e optar por ter uma religião é optar por cumprir as regras da religião. Papai, mamãe e teus irmãos não gostam das regras das igrejas e não seríamos hipócritas de ter uma religião se não podemos cumprir suas regras, por discordância ou simplesmente por não gostarmos.
– O que é hipócrita?
– É assim quando uma pessoa pensa e sente de um jeito, mas diz e faz outra coisa.
– Ah entendi, uma pessoa mentirosa dela mesma… Mas mãe, eu queria um exemplo de regra da igreja católica que vocês não cumpririam.
– Hummm, sabe assim quando teu irmão e tua irmã dormem na casa dos namorados e nós damos boa noite e achamos tudo normal?
– Aham, sei, normal.
– Pois é, para a igreja católica isso é considerado errado, as pessoas só podem namorar assim de dormir juntas depois que casam.
– Entendi, acho que também não vou gostar de ser católica. E as outras religiões, que regras têm?
– Muitas regras, a maioria das religiões acha que mulher é uma pessoa menor em relação ao homem, que nossos amigos gays são feios, sujos e malvados; existem algumas religiões que não permitem que as mulheres usem calças compridas e brincos e quase todas elas acreditam que o Universo inteiro foi criado em sete dias por uma única pessoa que nos olha, nos controla e nos castiga ou nos orienta fazendo com que sejamos bons e felizes.
– Isso já entendi, o T. me explicou que as meninas e os meninos pobres da guerra são bons e infelizes e tem gente bem má que anda por aí superfeliz, então, o Deus controlador, se existisse, precisava ser demitido.
Sorri e expliquei a ela que esses assuntos eram bem difíceis de tratar na escola e que se ela sugerisse que Deus deveria ser demitido as pessoas poderiam não rir e não entender como eu, o seu raciocínio. Remeti-a à nossa convivência familiar, pacífica, democrática, garantindo que não fazíamos nada de errado e praticando o bem, como praticamos, tudo está bem, inclusive os deuses das pessoas, as suas religiões, que ela jamais pensasse que nossa família poderia ser do mal por não ter religião.
– Ihh mãe, fica tranqüila, claro que sei disso, mas que nossa família é esquisita, isso é, já percebi que até as professoras acham estranho esse negócio de não ter religião. Mãe, mas me diz, não existe assim nenhuma religião inteligente?
Liberdade religiosa ou condescendência com a burrice?
– Hummm, as religiões podem parecer bem bonitas, uma vez procurei muito por uma religião e andei viajando o mundo para encontrar alguma. Na Índia conheci o hinduísmo e o budismo, adorei a história dos ventos internos dos budistas, da alimentação, a paz na meditação, mas quando saí de dentro do templo, a igreja deles, era tanta pobreza lá fora, tanta gente precisando de ajuda ali na vida de verdade que até me senti mal de ter ficado aquele tempo meditando no ótimo conforto, foi como se fizesse parte de um lindo quadro flutuando na lama. E no Japão conheci uma religião também bem linda, o taoísmo, eu adoro até hoje ler os textos taoístas, mas na prática tem também muitas regras que não poderia seguir. As pessoas ficam rezando para uma vida melhor depois da morte e o nosso pequeno planeta Terra está precisando que a gente aja para as coisas darem certo na vida aqui e agora. Olha filha, acho que a diferença é que nos preocupamos menos com o que vai ser de nós depois da morte e mais com o que vamos deixar de bom aqui na Terra, com o que podemos pensar, sentir e fazer enquanto estamos vivos.
– Ah, sei como é, minha amiga esses dias disse que ia rezar muito para fazer um bom trabalho de apresentação para a professora e os colegas; acho que sou como tu e o papai, vai ver é genético, porque cheguei em casa e fui logo pensar e fazer a minha parte do trabalho, se eu ficasse rezando o trabalho não ia aparecer sozinho, isso tenho certeza. Como diz o papai, as coisas boas não caem do céu, né, mãe?
–  Não, querida, até a boa chuva que cai do Céu tem a ver com o que fazemos aqui embaixo e todas as coisas más podem ser fabricadas aqui mesmo e é aqui mesmo que precisamos acertá-las.
Difícil encontrar espaço na sociedade laica, num país laico, para ser ateu ou agnóstico. A campanha chega em boa hora e talvez promova uma oxigenada básica nas atitudes daqueles que não praticam as regras de suas religiões, mas compram o certificado de salvação do inferno, por via das dúvidas. Agora, os que investem dinheiro no Céu, esses estão aqui literalmente pela hora da morte, nada mais interessa preservar.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

ARAGUAIA: o massacre que as Forças Armadas querem apagar

Por Marina Amaral e Tatiana Merlino

 


Em meio ao debate sobre a emenda que propõe o sigilo eterno de documentos do governo, a Pública revisita uma das histórias mais obscuras do período militar: a repressão à guerrilha do Araguaia (1972-1975).
Em três dias de pesquisa nos 149 volumes do processo judicial que investiga o desaparecimento dos guerrilheiros do Araguaia, a Pública coletou relatos de dezenas de moradores que foram obrigados a prender, enterrar, matar e decapitar guerrilheiros – e sofrem até hoje as consequências do que viveram nesse tempo.
Em entrevista exclusiva, a juíza titular da 1a Vara da Justiça Federal, Solange Salgado, diz que, passados quase 40 anos, reina o medo de se falar sobre o assunto entre os que participaram do conflito.  Mateiros e ex-militares que colaboraram com o Grupo de Trabalho Araguaia -  que investiga o caso desde 2009 em cumprimento à sentença judicial promulgada por Solange Salgado em 2003, que obriga a União a entregar os corpos dos desaparecidos às famílias  – estão recebendo ameaças.
Por isso, quando esteve na região no ano passado, para recolher e checar informações sobre o paradeiro dos corpos, a juíza optou por preservar o sigilo dos autores dos depoimentos. “Foi uma garantia que o Poder Judiciário deu a essas pessoas. Elas ainda estão muito apavoradas, se sentindo muito acuadas”, disse ela à Pública.
Nossa reportagem esteve em Marabá, no Pará, e conversou com ex-mateiros e ex-soldados que confirmaram a realização das chamadas “Operações Limpeza”, por meio das quais os restos mortais dos guerrilheiros foram desenterrados e transportados a outros locais. Além disso, cinco entrevistados afirmaram ter visto atuando na repressão o ex-diretor do Dops de São Paulo Romeu Tuma, falecido em outubro do ano passado.